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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


sábado, 26 de maio de 2012

DANÇA ROGER MILLA, DANÇA NEYMAR...

Por Marco Aurélio Luz

Delegado da Mangueira,eterno Mestre Sala e a continuação de uma tradição das Escolas de Samba.
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Na minha lembrança, comemorar gols com dança vem desde Roger Milla da seleção de Camarões que encantou o mundo na copa de 1990.



“Dancei logo quando marquei o primeiro gol, quando ainda era uma criança.Todos os camaroneses são bons dançarinos. A dança nasce na rua como o futebol. O meu passo de dança com a bandeirola foi também uma forma de fazer qualquer coisa para agradecer a todos aqueles que me apoiavam, que acreditavam na minha estrela. E também para homenagear Pelé, que vi jogar quando o Santos fez uns jogos de exibição nos Camarões. Apaixonei-me por essa equipe e adaptei o samba. Admiro muito o Pelé. Ganhou o seu primeiro Mundial com 17 anos. É extraordinário!”

Declaração de Roger Milla em entrevista ao jornal Ludopedio às vésperas da Copa da África do Sul.


Homenagem da equipe de Camarões a Roger Milla na Copa de 2010 na África do Sul
Depois dentre outros, se destacou Ronaldinho Gaúcho com passos de samba para afirmar a cada celebração de gol que o melhor jogador do mundo estava na Europa, mas que tinha seu solo de origem, sua pertença ao futebol negro brasileiro ou futebol arte.
Na nossa tradição africano brasileira, a dança ocupa lugar de destaque nas religiões. Ela proporciona a integração entre o mundo profano e o mundo sagrado. Ela se constitui de gestos e movimentos, expressão corporal e dramatizações que por sua vez realizam uma combinação com demais códigos estéticos que magnificam o sagrado, especialmente a música percussiva dentro de definidos padrões de beleza de acordo a determinados contextos litúrgicos.
Odara é uma categoria da sabedoria nagô que expressa a característica fundamental da civilização africana tradicional, ela significa bom e bonito simultaneamente. O fazer técnico ou útil e o fazer estético, o efeito de beleza são inseparáveis.
É dessa fonte que se origina a bacia semântica das incontáveis expressões das instituições africano-brasileiras, que não descartam o lúdico e o estético que promovem a alegria de estar no mundo. Mesmo uma instituição de luta como a capoeira daí não se afasta.
Entre os Ashanti, povo ascendente de boa parte dos afro americanos, o rei caracteriza seu poder através da dança. Um bom rei deve ser um exímio dançarino.
Tendo que conviver com o mundo dos brancos o negro foi levando o seu modo de ser para outros territórios, mas procurando caçar jeito de viver, foi realizando transformações para que pudesse se sentir mais a vontade diante das imposições eurocêntricas. Mario Filho autor do livro O Negro no Futebol Brasileiro narra a saga de transformação do “nobre esporte bretão” em futebol arte em nossa terra.
Nos EUA juntamente com a criação de novos gêneros musicais, os afro descendentes foram abrindo espaços na indústria cultural que do blues ao rock, vem predominando no cenário musical.
Juntamente com a música a dança acompanhou o encantamento cultural, de James Brown-“I Feel Good”- a Michael Jackson.


Quando vemos num filme a aproximação de Jackson com Jordan dois Michael gênios um da indústria musical e o outro do basket ambos da indústria do espetáculo, o que os une é também a dança, a gestualidade encantadora e eficiente na música ou no esporte. Ambas transformando pela estética e eficiência o “território dos “brancos”.


No Brasil então, nem se fala, se nos detivermos no mundo do samba, suas origens o samba de roda e seus desdobramentos.

Neymar com o Grupo Exaltasamba

Então quando vemos brotar do mundo do futebol arte, um novo gênio como Neymar com sua exuberante performance e juventude percebemos o quanto o legado daqueles que o antecederam continua florescendo enchendo nossos corações de brasileiro de orgulho e alegria. Devemos citar alguns nomes exponenciais que estarão para sempre gravados nessa história como Friedenreich, Fausto, Domingos da Guia, Leônidas da Silva, Zizinho, Nilton Santos, Didi, e num patamar mais alto Garrincha e Pelé. Ainda mais que durante certo tempo e ainda agora sofremos com tentativas de menosprezo de nossa própria pujança e originalidade na criação de novos valores e linguagem que nos enlevaram e enriqueceram nossa identidade nacional.


Alegria de André,Robinho e Neymar
Imagem disponível em

O legado também dos estilos principalmente dos cabelos que nas décadas de 70 e 80 derivados dos movimentos de afirmação do “Black is beautiful” se combinavam com comemorações de gol de punho erguido, signo dos Black Panthers que transbordou para o mundo dos esportes, agora é recriado e renovado. São inúmeros os penteados uma variedade de estilos que demonstra afirmação e liberdade, e nas comemorações e celebrações a alegria vem em forma de dança que nada mais é que um desdobramento das elaborações e feituras das jogadas que culminam no gol. Odara!

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Marco Aurélio Luz é Oju Oba nilê Axé Opô Afonjá,Elebogi nilê Ilê Asipá.Doutor em Comunicação,Pós-Doutorado em Sociologia pela Sorbonne Paris V, escritor , ensaísta e escultor. Autor de vários livros dentre eles Cultura Negra e Ideologia do Recalque Salvador,3º edição,Salvador:Edufba 2011.




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