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terça-feira, 24 de novembro de 2015
FACHO DE LUZ
O DEUS DE CARLITO ROCHA
Por Nelson Rodrigues
Estrela Solitária
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O Deus de Carlito
Rocha… Chegou, enfim, o momento de fazer de Carlito Rocha o meu personagem da
semana. Quer queiram, quer não, ele está atrelado ao fabuloso triunfo alvinegro
sobre o Fluminense. E aqui pergunto: Qual teria sido a contribuição carlitiana
para o título? E eu próprio respondo: Carlito ligou o jogo ao sobrenatural, pôs
Deus ao lado do Botafogo e, mais do que isso, pôs Deus contra o Fluminense.
E, com efeito, três ou
quatro dias antes do clássico, um jornalista foi provocar o velho Rocha. Ora, o
Carlito nunca teve meias medidas, nunca! Bastaram duas ou três perguntas
estimulantes para que dentro dele rugisse a imortal paixão botafoguense. Disse
ele que Deus viera anunciar-lhe a vitória do Botafogo Um vaticínio divino é
algo mais do que um palpite de esquina. No entanto, vejam vocês, nem o jornal
que publicou a reportagem, nem o leitor, nem a torcida, ninguém acreditou nem
em Carlito, nem na visão, nem mesmo em Deus. As declarações do velho Rocha, tão
honestas e incisivas, pareceram a nós, impotentes da fé, uma simples e cruel
piada de jornal. E um amigo, pó-de-arroz como eu, veio perguntar-me: ‘Viste o
Deus de Carlito?’ Eu não tinha visto o jornal ainda, mas as palavras do meu
amigo ficaram ressoantes em mim. ‘Deus de Carlito...’ E, subitamente, eu
compreendi o seguinte: não há um Deus geral, não há um Deus de todos, não há um
Deus para todos. O que existe, sim, é o Deus de cada um, um Deus para cada um.
Por outras palavras, um Deus de Carlito, um Deus do leitor, um Deus meu e assim
por diante. Graças ao Carlito criava-se uma relação entre o Botafogo e o
sobrenatural e o clássico decisivo passava a adquirir um pouco de eternidade.
Carlito Rocha e Biriba
o “cão encantado”Foto disponível na Internet
Veio o jogo. Com a
nossa impetuosidade tínhamos da batalha uma visão crassamente realista: só
cuidávamos dos aspectos técnicos, tácticos e físicos.
Nossa Senhora associada
a Oxum protetora do Botafogo relacionada com a simbologia do nº 7
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Jogadores do Botafogo campeão
brasileiro da série B agradecem no Estádio Mané Garrincha
Foto: Francisco
Stuckert Lance/Press disponível na internet
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Crônica publicada em 1957 e o autor se refere a final do campeonato carioca de 1957 no Maracanã. Vitória do Botafogo 6x2 Fluminense.
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