A literatura de Mestre Didi reúne os itans que configuram a riqueza de sabedoria da tradição nagô. Num deles "A Chuva dos Poderes", observamos a presença de Agemó no âmago da visão de mundo que caracteriza o culto aos orixá.
sexta-feira, 31 de agosto de 2018
Lançamento do livro Pensamento Insurgente
Imagem disponível na Internet
Agemó e o
Pensamento Insurgente
por Marco Aurélio Luz
O livro reúne autores celebrados por sua
história intelectual cujos caminhos, resultaram na construção de uma mesma
bacia semântica de afirmação de valores que visam a legitimar o contínuo
civilizatório africano-brasileiro, rompendo com as ideologias do positivismo
cientificista e tecnicista.
O
novo território teórico, está aberto a
interdisciplinaridade e a sabedoria incluindo a adoção do mito como discurso
capaz de estabelecer preciosos conhecimentos e ensinamentos.
A
ilustração da capa traz o camaleão, uma criação de Marcelo Luz. Agemó o
camaleão, participa de diversos itans,
contos da tradição e representa a sabedoria de conseguir se adaptar às
diferentes situações. Ele é um animal que acompanha Orunmila Baba Ifá que detém
a sabedoria oracular, fonte dos desígnios dos rituais, da mobilização de axé.
A literatura de Mestre Didi reúne os itans que configuram a riqueza de sabedoria da tradição nagô. Num deles "A Chuva dos Poderes", observamos a presença de Agemó no âmago da visão de mundo que caracteriza o culto aos orixá.
A literatura de Mestre Didi reúne os itans que configuram a riqueza de sabedoria da tradição nagô. Num deles "A Chuva dos Poderes", observamos a presença de Agemó no âmago da visão de mundo que caracteriza o culto aos orixá.
No
princípio do mundo, os orixá reunidos se queixaram
à Orunmila por ele concentrar todos
os poderes e eles serem meros mediadores das mensagens dos seres humanos. Os
orixá desejavam também terem poderes para facilitar o fluxo dos pedidos e
desafogar a faina de Orunmila.
Ouvindo
essas justas reinvindicações, Orunmila adentrou na floresta para pensar como poderia
distribuir seus poderes com equidade e justiça sem magoar ninguém.
Então
ele ouviu um chamado do alto de uma árvore,era Agemó que logo lhe perguntou sobre
os motivos de tanta preocupação. Depois
de Orunmila relatar o acontecido, Agemó disse que tinha uma solução. Muito
atento, Orunmila ouviu o que Agemó tinha a dizer. Ele sugeriu que num dia e
hora marcada reunisse os orixá no sopé do morro e lá de cima, lançasse uma
chuva de poderes. Cada qual se esforçaria para pegar o seu poder escolhido e
assim todos ficariam satisfeitos com o que tinham conquistado.
Exu o mais ligeiro,
pegou os poderes do movimento e da comunicação. Ogum a transformação do minério em metal o poder de abrir os caminhos. Ossãiyn o segredo da vegetação e das folhas, Oxóssi o poder da caça e de prover as aldeias. Yansã a movimentação dos ventos, Oxum o poder da gestação feminina e o desenvolvimento dos
nascituros. Xangô a organização social e a justiça, e assim por diante.
E
assim no âmago da religião, os poderes dos orixá se estabeleceram com a
participação de Agemó.
SER BAMBU E CUPIM, METAMORFOSES NECESSÁRIAS PARA O BEM VIVER
Por Narcimária Luz
Há duas legendas africano-brasileiras
referências de sabedorias que inspiram gerações a afirmação de um pensamento
insurgente,abrindo novos horizontes de legitimação existencial. A Iyá Oba Biyi
,Mãe Aninha fundadora do Ilê Opô Afonjá, ensinou que no caminhar da vida, face
as adversidades deveríamos fazer como o bambu: “envergar para não quebrar”.
Imagem disponível em https://pxhere.com/da/photo/1394650
O outro ensinamento é do Mestre Didi,
Alapini, Supremo Sacerdote do Culto Egungun, que nos alertava sobre a
necessidade de “trabalhar feito cupim”.
Imagem disponível na Internet
São saberes milenares, herança dos
nossos/as antepassados/as que tiveram que criar formas e estratégias para a
elaboração de valores e linguagens que assegurassem espaços de
afirmação,legitimação e expansão do nosso patrimônio civilizatório. Ser
"bambu" ou "cupim" no contexto de sociedades estruturadas
pela institucionalização de políticas de genocídio e de abandono,é estabelecer modos de enfrentamento e de luta
fundamentais à promoção de insurgências
necessárias à manutenção da altivez e dignidade tão preciosa às nossas
comunalidades.
“Pensamento Insurgente, Direito à
Alteridade, Educação e Comunicação” carrega essa força ancestral! Os/as
autores/as compartilham outros
modos/formas de comunicação e educação, transcendendo o deja vú dos discursos saturados que alimentam o flagelo
institucionalizado que violentam e dizimam gerações.
Assim, o livro conta com as
contribuições valiosas de Michel Maffesoli, Marco Aurélio Luz José Félix Dos
Santos, Joel Rufino dos Santos,Dalmir Francisco, Pedro Benjamim Garcia, Narcimária C. P. Luz,Elisa Larkin Nascimento, Muniz Sodré,
J Raquel Paiva, Félix Ayoh’omidire, , Lúcia Fernandes Lobato, Léa Austrelina
Ferreira Santos e Gildeci de Oliveira Leite.
Aqui uma homenagem a José Félix dos
Santos, Dalmir Francisco e Joel Rufino dos Santos, in memoriam. Amigos que
acreditaram na importância de semear pensamentos insurgentes capazes de
promover o direito à alteridade civilizatória, valor inestimável para todos os
povos.
Iyá Oba Terê do Ilê Ase Opo Afonjá e Iyá Dagã nilê Asipá e o Oju Obá autografando o livro
Iyá Badabarawô nilê Asipá e a autora Narcimária Luz Otun Omi L`Aiyo autografando o livro
Ojé Oloxedê,Iyá Omo IYó IYó e o Elebogi
Otun Iya Badabarawo nile Asipa
Comunicação dos organizadores e autores Marco Aurélio Luz, Narcimária Luz, Lúcia Lobato e a diretora da EDUFBA a professora Flávia Goulart Mota Garcia Rosa
Marcelo do Patrocínio Luz autor da criação da capa do livro
Os organizadores do livro com o reitor da UFBA João Carlos Salles Pires da Silva,o professor Narciso José do Patrocínio e Marcos Gonçalves Pires Luz
Colaboradores e incentivadores Mauricio Luz Ose Awo ,Professor Narciso Patrocínio e Marcos Omo Oba Kini
Para saber mais visite os links
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Uma obra ancestral! Parabéns!
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