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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


domingo, 15 de maio de 2011

EMBROMAÇÃO:A MÁXIMA CONTEMPORÂNEA NAS RELAÇÕES SOCIAIS

 Por Narcimária Luz


 Estamos vivendo situações no nosso cotidiano,em determinados contextos urbano-industriais, que nos obrigam a parar e refletir sobre a “ética da embromação” que estimula atitudes como: dissimulação,descaso,desrespeito,mediocridade,egoísmo,”puxa saquismo”,agressividade,"em terra de cego quem tem olho é rei”,”levar vantagem em tudo”,”intrigas”,prepotência,arrogância,jogo das aparências,”levar no bico”,”se dar bem doa a quem doer”,ganhar sempre...
A “ética da embromação”, estabelece regras comportamentais de como “ser” no mundo contemporâneo,constituindo um triste e perverso legado para as gerações sucessoras que nascem acreditando que isso é viver,é ser, isso é “normal”.O mais triste nesse cenário: quem recusa a “ética da embromação” é considerado:bobo,”otário”,abestalhado,fora de moda,etc.
Essas tramas comportamentais, infelizmente vêm se impondo nas relações sociais entre adultos,jovens e crianças...Não se considera mais nada!



Para aprofundar essas e outras inquietações,o blog da ACRA apresentará a cada semana, uma parte da crônica de Lima Barreto “O homem que sabia javanês”.
A crônica escrita no contexto da velha República (1911) no Brasil,carrega humor, ironia, mobilizando o/a leitor/a e fazendo-o/a entender de forma crítica, a “ética da embromação” no Brasil dos tempos de Lima Barreto e o Brasil do nosso tempo.
Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de maio de 1881.
Imaginem só!
No dia da abolição da escravatura ele completou 7(sete)anos.
Seus pais eram afrobrasileiros reféns do sistema escravista.Seu pai Joaquim Henriques de Lima Barreto, trabalhava como tipógrafo.Sua mãe Amália Augusta, era  professora primária.


Essas memórias da sociedade brasileira marcada pela ideologia racista,desigualdades sociais e as mazelas características da conduta do estamento dirigente no período escravista e pós-abolição,influenciaram decisivamente a qualidade literária,crítica e competente desse exponencial jornalista e escritor.A sociedade da “embromação" que Lima Barreto viveu,prossegue mantendo as mesmas mazelas,claro que com outros matizes contemporâneos.Mas,uma coisa temos certeza, se Lima Barreto estivesse vivo verificaria que nada mudou,infelizmente.
Afonso Henriques de Lima Barreto,esse era o nome desse carioca da “gema do ovo”.
Lima compôs suas obras com abordagens que nos aproximam do ponto de reflexão que apresentamos hoje no blog: a embromação como uma ética que atravessa os tempos regulando as relações sociais.
O homem que sabia javanês” é narrado na primeira pessoa, apresenta a história de Castelo que  encontra numa confeitaria do Rio de Janeiro, um amigo e aproveita para  contar  as embromações que ele fez para “se dar bem na vida”.
A embromação de Castelo, foi ter ministrado aulas de javanês para o Barão de Jacuecanga sem nunca ter aprendido o idioma javanês.Imaginem só quantas situações inusitadas Lima Barreto explorou para compor a trama.
Convidamos a todos/as a acompanharem semanalmente essa crônica intrigante,divertida cheia de suspense e surpresas.

Li e recomendo a todos/as.

Boa leitura!

Um comentário:

  1. Gosto da obra, é incrível como realmente estamos vivendo este momento da "embromação", onde um quer ser melhor do que o outro, onde a individualidade impera, e o "eu primeiro"é que importa. O amor ao proximo ficou só nas palavras e na escrita, por que na prática, um abraço, e ações não existem.

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