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sábado, 17 de agosto de 2013
DESCOLONIZAÇÃO E EDUCAÇÃO DIÁLOGOS E PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS
Destacaremos
aqui as contribuições reunidas nessa publicação do Prodese,com o objetivo de
informar que essa iniciativa é resultado de inquietações que apareceram durante
nossa trajetória na Universidade, na área de Educação. É um livro que carrega
não apenas as reflexões que fizemos durante anos na docência universitária, mas
o fluxo de reflexões que permaneceram em nós, insistindo, incomodando e nos convidando
a pensar para além dos grandes sistemas explicativos fincados na ortodoxia dos
valores de prolongação colonial, ainda em voga nos espaços acadêmicos.
Narcimária Luz no âmbito do IIº Festival Afrobrasileiro de Educação na ACRA
“Descolonização
e Educação: por uma epistemologia africano-brasileira”, de Narcimária C. P. Luz,
contextualiza a trajetória científico-acadêmica do grupo de pesquisa Prodese,e
nela as redes de alianças comunitárias referências fundamentais do grupo.
Marco Aurélio Luz entre as esculturas do Mestre Didi e ao cento um Osé Xangô escultura de sua autoria
Marco Aurélio Luz, aborda a trajetória do povo negro nas Américas e Caribe através do ensaio “Dos Tumbeiros às Fábricas :Dos Quilombos à Comunidade Afro—Brasileira”. O autor enfatiza a constituição da acumulação primitiva do capital através da lucratividade do tráfico escravista. Destaca que a vinda de africanos para as Américas, promoveu o processo histórico das lutas de afirmação existencial e liberdade do povo negro nas Américas e Caribe, fomentando o fim da escravidão. Por outro lado, acontece a passagem de constituição do “trabalhador livre”, “livre de tudo”, como disse Marx, proporcionando acumulação do capital, agora através da exploração da força de trabalho não paga, a mais valia. Realça também, a continuidade da civilização negro-africana nas Américas e Caribe, de modo especial no Brasil, os vínculos sociais, visão de mundo e instituições para além do território totalizante europocêntrico do Estado Republicano, outra face histórica que também constitui a análise do autor.
Professor Henrique Cunha Junior da Universidade Federal do Ceará parceiro permanente do PRODESE
“Africanidades
e Afrodescendência na Educação Brasileira”, são conceitos-chave introduzidos
por Henrique Cunha Junior para pensarmos a descolonização da educação. Com
proposições conceituais que constituem um pensamento africano e suas
(re)criações para a educação brasileira, o autor desenvolve reflexões
importantes para interpretar a realidade das populações negras e, através dela,
fundamentar políticas de educação baseadas nas culturas e nas histórias dessas
populações. Institucionalizar políticas de educação estruturadas em referências
teórico-metodológicas inspiradas nas africanidades e afrodescendência significa
a superação dos eurocentrismos e dos brancocentrismos que insistem em conduzir
as políticas de educação para a população brasileira.
Magnaldo Oliveira dos Santos no dia da defesa da sua dissertação de Mestrado no âmbito do programa de Pós-Graduação em Educação e contemporaneidade da UNEB
“Ojó
Orúko: Um Reencontro Com A Ancestralidade Africana”, de Magnaldo Oliveira dos
Santos, destaca a singularidade da cerimônia que constitui o rito de iniciação
característico das sociedades tradicionais africanas, de modo especial, a
tradição nàgó/kétu. Ojó Orúko é um legado institucional milenar africano que
atravessa os tempos mantendo os vínculos do povo negro com sua ancestralidade africana
fora da África. Magnaldo aborda as relações simbólicas possíveis entre Ojó
Orúko, ancestralidade e identidade africano--brasileira; revela a arkhé do povo
yorùbá e as comunidades-terreiro nàgó/kétu como territórios complexos e
dinâmicos de reelaborações de cultura, tradições e memórias do povo
afro-brasileiro.
Valdélio Santos Silva
Professor
Adjunto da Universidade do Estado da Bahia.
“Feitiçaria,
Etnografia e Poder” Valdélio Santos Silva, desenvolve uma análise dedicada a
dinâmica comunal do quilombo em Rio das Rãs, abordando as relações de poder que
estabelecem os vínculos de sociabilidade no quilombo,o autor analisa a
singularidade semântica que tece o discurso de feitiçaria no quilombo,
considerando o impacto desse discurso na vida social dos quilombolas e as
dimensões de poder que organizam, influenciam, orientam e tendem a definir as
relações entre os sujeitos.
Professora Ana Rita Santiago atual Pró-Reitora de Extensão da UFRB
“Òro
Obirin: Dizeres e Escritas de Si de Mulheres Negras” de autoria de Ana Rita
Santiago, apresenta a riqueza das formações discursivas de mulheres negras,
atravessadas por sonhos, estratégias de emancipação, histórias de vínculos
societais, emoções e paixões que anunciam suas alteridades. Dessas formações
discursivas, destaque para iniciativas coletivas como o Quilombo Asantewaa,
Centro de Formação de Mulheres Negras, dos bairros Federação, Engenho Velho de
Federação e adjacências de Salvador. A autora apresenta também, seu estudo
sobre Vozes Literárias de Escritoras Negras Baianas: Identidades, Escrita, Cuidado
e Memórias de Si em Cena em que desenvolve leituras descritivas e
interpretativas sobre trajetórias e textos literários de 08 (oito) autoras
negras baianas, debruçando-se sobre suas formações discursivas, identificando
nos textos formas de “(des)silenciamento de suas vozes autorais”, de
visibilização de suas africanidades de onde se desdobram as ressignificações de
suas vidas.
Professor e artista plástico Ronaldo Martins à frente de uma das suas telas
“Arte
e Educação Agbon, uma vivência do patrimônio civilizatório africano nas escolas
brasileiras” é a contribuição de Ronaldo Martins dos Santos, que apresenta uma
proposta pedagógica para o ensino de Artes através das linguagens
ético-estéticas do pa trimônio civilizatório africano-brasileiro. O conceito
yorubá agbon significa conhecimento técnico-estético que permite vivências
criativas envoltas pela dimensão sagrada de mundo. Ronaldo explora o vasto
universo cultural africano-brasileiro, e nele a obra escultórica do sacerdote, artista
e educador Deoscoredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, abordando seus
elementos constitutivos: cor, forma, símbolos e conteúdos educativos.
Professora Janice de Sena Nicolin
“Odeart:
Ecos Que Entoam Uma Mata Afro-Brasileira no Cabula”, de Janice de Sena Nicolin,
apresenta as vivências socioeducativas do Grupo Cultural Artebagaço Odeart na
territorialidade do Cabula que carrega na sua história estratégias de afirmação
socioexistencial das populações negras. A autora vai ilustrar como a linguagem
da arte cênica estruturada a partir das narrativas fundadoras das comunalidades
africano-brasileiras, pode contribuir para descolonizar a educação e promover o
direito à alteridade de jovens e adultos.
Professora Mille Caroline Rodrigues Fernandes
“Pa
Ìtàn, Fikó Ati Mònà: Tessituras De Saberes Boitaraquences Que Vão Além da
Educação Formal” Mille Caroline Rodrigues Fernandes baseia-se nas suas
vivências de pesquisa no quilombo de Boitaraca, localizado no baixo sul baiano,
especificamente na cidade de Nilo Peçanha. A autora entende a educação como uma
fonte de experiências culturais e de afirmação de identidades que promovem a
aprendizagem das crianças quilombolas.São essas experiências culturais que
criam os desafios para os educadores/as do quilombo de Boitaraca,que lidam com
uma sala de aula multisseriada,e assumem esses desafios compondo espaços
pedagógicos criativos para contar histórias, ensinar e aprender os caminhos através
dos elos de sociabilidade do quilombo de Boitaraca.
Professor Márcio Nery de Almeida
“Meu
Destino é Ser Onça!Sussuaranizar-se” o princípio inaugural face aos desafios da
contemporaneidade é a opção político-pedagógica assumida por Márcio Nery de
Almeida. Márcio baseia suas práticas pedagógicas no princípio mítico e
histórico das comunalidades que caracterizam a territorialidade de Sussuarana no
município de Salvador na Bahia, demonstrando que a base do currículo escolar
são as narrativas fundadoras das comunalidades de Sussuarana. A onça Sussuarana
é o princípio inaugural da territorialidade e, através dessa referência, Márcio
se transforma metaforicamente em um educador “onça”, “sussuarizando-se” para poder
desenvolver, de forma criativa e competente, pedagogias importantes envolta a
esse imaginário que permite o fortalecimento das identidades culturais de
crianças e jovens.
Crianças do Grupo de Teatro do Projeto DAYÓ ACRA
O
projeto de extensão universitária “Dayó Compartilhando a Alegria
Socioexistencial em Comunalidades Afro-Brasileiras” é apresentado por
Narcimária Luz, que trata das perspectivas filosóficas que organizaram e
permitiram a equipe de pesquisadores/ as do PRODESE intercambiarem com
territorialidades africano--brasileiras no Brasil e exterior. Apresenta os
desdobramentos teórico- metodológicos que sustentaram as iniciativas de
intercâmbio na Associação Crianças Raízes do Abaeté, em Salvador, na Bahia; e o
Grupo Capoeira Abolição Oxford-Inglaterra-África do Sul, sob a responsabilidade
do Mestre Luís Negão.
Professora Jackeline durante o IIº Festival Afrobrasileiro da ACRA
Um
dos marcos históricos do PRODESE também é abordado no livro, trata-se do “Sementes
Caderno de Pesquisa Mosaico Teórico– Metodológico para a Descolonização da
Educação”, de autoria de Jackeline Pinto Amor Divino.
Coleção SEMENTES Caderno de Pesquisa(2000-2005)
A Obra constitui um
legado institucional importante para o PRODESE (2000-2005) publicar suas
pesquisas e composições teórico-conceituais, permitindo um intercâmbio
interessante entre os pesquisadores/as do Programa com outras equipes de pesquisa
de Universidades nacionais e internacionais.
Professora Januária Avelina Correia do Patrocínio
“Educando
através do Repertório Lúdico-Estético dos Provérbios Afrobrasileiros” é a
proposição pedagógica das educadoras Januária Avelina Correia do Patrocínio e
Narcimária C. P. Luz. As autoras destacam a riqueza do repertório ético e
estético dos provérbios, que são linguagens responsáveis por organizar as relações
comunais, hierarquias, instituições, noções de tempo e espaço modos e formas de
educar. Januária e Narcimária aproximam o público do conhecimento singular que
compõem as narrativas de elaboração de mundo características do patrimônio
civilizatório africano milenar no Brasil, de modo especial na Bahia.
Professor Sérgio Bahialista
“Cordel
Pilando (Re) Elaborações de Valores Comunais e Perspectivas de Educar a
Pedagogia da Onça” Sérgio Ricardo Santos da Silva, Bahialista, nos permite
compreender a literatura de cordel como canal de linguagem importante para a
educação. Sérgio vai investir em reflexões que nos remetem ao mundo simbólico do
jogo poético-narrativo da literatura de cordel, e às perspectivas pedagógicas
que ela faz acontecer nas escolas e em outros espaços comunitários na
territorialidade de Sussuarana, que tem a onça como mito fundador, de onde se
desdobram ricas narrativas para a composição da literatura de cordel.
Professora Rosângela Accioly
"Agbalá
Àbádà: Uma Escuta Radical Para a Educação Infantil” Rosângela Accioly Lins Correia apresenta
reflexões e conceitos importantes para pensarmos a concepção de criança e
Educação Infantil para além dos discursos totalitários europocêntricos. O conceito
de alteridade radical e/ou escuta radical do filósofo Emmanuel Lévinas empresta
fôlego para a composição do ensaio da autora. Rosângela Accioly destaca o
universo socioeducativo do povo munduruku. Apresenta a abordagem da sua mais
recente pesquisa no campo da Descolonização e Educação através das
efervescências das linguagens lúdico-estéticas africano-brasileiras.
Na foto a autora Naiára (a segunda da esquerda para a direita )entre jovens da Steve Biko experiência de Educação que também compõe o capítulo de sua autoria.
Roda de capoeira na ACRA 2005
Para
concluir, apresentamos Dayó Compondo Linguagens Lúdico-Estéticas para a
Descolonização da Educação, contribuição de Narcimária C.P. Luz, que destaca
uma das principais bases de inspiração do PRODESE: a Associação Crianças Raízes
do Abaeté (Acra) e nela, as composições de linguagens lúdicas e estéticas
criadas para manter seu cotidiano. A Acra foi uma iniciativa institucional criada
no bairro de Itapuã, no município de Salvador na Bahia, e referência nacional
como “ponto de cultura” reconhecido pelo cultura” reconhecido pelo Ministério
da Cultura. Essa Associação, durante oito anos, proporcionou a crianças e
jovens descendentes de africanos e africanas espaços socioeducativos que
legitimassem o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
Destaque
para a capa do livro,que apresenta uma
ilustração que é um conjunto de sekerê (xequerê), instrumento musical que
constitui a orquestra percussiva africano-brasileira, confeccionados por
crianças e jovens que vivenciaram as linguagens lúdico-estéticas promovidas
pelos/as educadores/ as e pesquisadores/as do Prodese no âmbito do projeto de
extensão Dayó, desenvolvido na Associação Crianças Raízes do Abaeté.A confecção dos xequerês pelas crianças e jovens ficou sob a orientação do Professor Sidney Argolo.
DICA:
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O livro pode ser adquirido através do site da Editora CRV http://www.editoracrv.com.br/?f=produto_detalhes&pid=3796
Vale a pena conferir!
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Tudo que você posta eu não perco a oportunidade de lê sei que esse livro vai contribui para o meu aprendizado. sou sua fã. Parabéns
ResponderExcluirAmei....Mille Caroline, tenho imenso prazer de ser sua aluna, e saiba que aprendi muito com você. Seu caminho está sendo traçado com muitas vitórias.
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