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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


sábado, 17 de agosto de 2013

DESCOLONIZAÇÃO E EDUCAÇÃO DIÁLOGOS E PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS



Destacaremos aqui as contribuições reunidas nessa publicação do Prodese,com o objetivo de informar que essa iniciativa é resultado de inquietações que apareceram durante nossa trajetória na Universidade, na área de Educação. É um livro que carrega não apenas as reflexões que fizemos durante anos na docência universitária, mas o fluxo de reflexões que permaneceram em nós, insistindo, incomodando e nos convidando a pensar para além dos grandes sistemas explicativos fincados na ortodoxia dos valores de prolongação colonial, ainda em voga nos espaços acadêmicos.

 
Narcimária Luz no âmbito do IIº Festival Afrobrasileiro de Educação na ACRA
 
Descolonização e Educação: por uma epistemologia africano-brasileira”, de Narcimária C. P. Luz, contextualiza a trajetória científico-acadêmica do grupo de pesquisa Prodese,e nela as redes de alianças comunitárias referências fundamentais do grupo.
 
Marco Aurélio Luz entre as esculturas do Mestre Didi e ao cento um Osé Xangô escultura de sua autoria
Marco Aurélio Luz, aborda a trajetória do povo negro nas Américas e Caribe através do ensaio “Dos Tumbeiros às Fábricas :Dos Quilombos à Comunidade Afro—Brasileira”. O autor enfatiza a constituição da acumulação primitiva do capital através da lucratividade do tráfico escravista. Destaca que a vinda de africanos para as Américas, promoveu o processo histórico das lutas de afirmação existencial e liberdade do povo negro nas Américas e Caribe, fomentando o fim da escravidão. Por outro lado, acontece a passagem de constituição do “trabalhador livre”, “livre de tudo”, como disse Marx, proporcionando acumulação do capital, agora através da exploração da força de trabalho não paga, a mais valia. Realça também, a continuidade da civilização negro-africana nas Américas e Caribe, de modo especial no Brasil, os vínculos sociais, visão de mundo e instituições para além do território totalizante europocêntrico do Estado Republicano, outra face histórica que também constitui a análise do autor.
  

 
Professor Henrique Cunha Junior  da Universidade Federal do Ceará parceiro permanente do PRODESE

Africanidades e Afrodescendência na Educação Brasileira”, são conceitos-chave introduzidos por Henrique Cunha Junior para pensarmos a descolonização da educação. Com proposições conceituais que constituem um pensamento africano e suas (re)criações para a educação brasileira, o autor desenvolve reflexões importantes para interpretar a realidade das populações negras e, através dela, fundamentar políticas de educação baseadas nas culturas e nas histórias dessas populações. Institucionalizar políticas de educação estruturadas em referências teórico-metodológicas inspiradas nas africanidades e afrodescendência significa a superação dos eurocentrismos e dos brancocentrismos que insistem em conduzir as políticas de educação para a população brasileira.

 Magnaldo Oliveira dos Santos no dia da defesa da sua dissertação de Mestrado no âmbito do programa de Pós-Graduação em Educação e contemporaneidade da UNEB
 
Ojó Orúko: Um Reencontro Com A Ancestralidade Africana”, de Magnaldo Oliveira dos Santos, destaca a singularidade da cerimônia que constitui o rito de iniciação característico das sociedades tradicionais africanas, de modo especial, a tradição nàgó/kétu. Ojó Orúko é um legado institucional milenar africano que atravessa os tempos mantendo os vínculos do povo negro com sua ancestralidade africana fora da África. Magnaldo aborda as relações simbólicas possíveis entre Ojó Orúko, ancestralidade e identidade africano--brasileira; revela a arkhé do povo yorùbá e as comunidades-terreiro nàgó/kétu como territórios complexos e dinâmicos de reelaborações de cultura, tradições e memórias do povo afro-brasileiro.

 
Valdélio Santos Silva

Professor Adjunto da Universidade do Estado da Bahia.

Feitiçaria, Etnografia e Poder” Valdélio Santos Silva, desenvolve uma análise dedicada a dinâmica comunal do quilombo em Rio das Rãs, abordando as relações de poder que estabelecem os vínculos de sociabilidade no quilombo,o autor analisa a singularidade semântica que tece o discurso de feitiçaria no quilombo, considerando o impacto desse discurso na vida social dos quilombolas e as dimensões de poder que organizam, influenciam, orientam e tendem a definir as relações entre os sujeitos.

 Professora Ana Rita Santiago atual Pró-Reitora de Extensão da UFRB
Òro Obirin: Dizeres e Escritas de Si de Mulheres Negras” de autoria de Ana Rita Santiago, apresenta a riqueza das formações discursivas de mulheres negras, atravessadas por sonhos, estratégias de emancipação, histórias de vínculos societais, emoções e paixões que anunciam suas alteridades. Dessas formações discursivas, destaque para iniciativas coletivas como o Quilombo Asantewaa, Centro de Formação de Mulheres Negras, dos bairros Federação, Engenho Velho de Federação e adjacências de Salvador. A autora apresenta também, seu estudo sobre Vozes Literárias de Escritoras Negras Baianas: Identidades, Escrita, Cuidado e Memórias de Si em Cena em que desenvolve leituras descritivas e interpretativas sobre trajetórias e textos literários de 08 (oito) autoras negras baianas, debruçando-se sobre suas formações discursivas, identificando nos textos formas de “(des)silenciamento de suas vozes autorais”, de visibilização de suas africanidades de onde se desdobram as ressignificações de suas vidas.

 
Professor e artista plástico Ronaldo Martins à frente de uma das suas telas
 
Arte e Educação Agbon, uma vivência do patrimônio civilizatório africano nas escolas brasileiras” é a contribuição de Ronaldo Martins dos Santos, que apresenta uma proposta pedagógica para o ensino de Artes através das linguagens ético-estéticas do pa trimônio civilizatório africano-brasileiro. O conceito yorubá agbon significa conhecimento técnico-estético que permite vivências criativas envoltas pela dimensão sagrada de mundo. Ronaldo explora o vasto universo cultural africano-brasileiro, e nele a obra escultórica do sacerdote, artista e educador Deoscoredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, abordando seus elementos constitutivos: cor, forma, símbolos e conteúdos educativos.

 
Professora Janice de Sena Nicolin
 
 Odeart: Ecos Que Entoam Uma Mata Afro-Brasileira no Cabula”, de Janice de Sena Nicolin, apresenta as vivências socioeducativas do Grupo Cultural Artebagaço Odeart na territorialidade do Cabula que carrega na sua história estratégias de afirmação socioexistencial das populações negras. A autora vai ilustrar como a linguagem da arte cênica estruturada a partir das narrativas fundadoras das comunalidades africano-brasileiras, pode contribuir para descolonizar a educação e promover o direito à alteridade de jovens e adultos.
Professora Mille Caroline Rodrigues Fernandes
 
Pa Ìtàn, Fikó Ati Mònà: Tessituras De Saberes Boitaraquences Que Vão Além da Educação Formal” Mille Caroline Rodrigues Fernandes baseia-se nas suas vivências de pesquisa no quilombo de Boitaraca, localizado no baixo sul baiano, especificamente na cidade de Nilo Peçanha. A autora entende a educação como uma fonte de experiências culturais e de afirmação de identidades que promovem a aprendizagem das crianças quilombolas.São essas experiências culturais que criam os desafios para os educadores/as do quilombo de Boitaraca,que lidam com uma sala de aula multisseriada,e assumem esses desafios compondo espaços pedagógicos criativos para contar histórias, ensinar e aprender os caminhos através dos elos de sociabilidade do quilombo de Boitaraca.
 
Professor Márcio Nery de Almeida
 
Meu Destino é Ser Onça!Sussuaranizar-se” o princípio inaugural face aos desafios da contemporaneidade é a opção político-pedagógica assumida por Márcio Nery de Almeida. Márcio baseia suas práticas pedagógicas no princípio mítico e histórico das comunalidades que caracterizam a territorialidade de Sussuarana no município de Salvador na Bahia, demonstrando que a base do currículo escolar são as narrativas fundadoras das comunalidades de Sussuarana. A onça Sussuarana é o princípio inaugural da territorialidade e, através dessa referência, Márcio se transforma metaforicamente em um educador “onça”, “sussuarizando-se” para poder desenvolver, de forma criativa e competente, pedagogias importantes envolta a esse imaginário que permite o fortalecimento das identidades culturais de crianças e jovens.

 
Crianças do Grupo de Teatro do Projeto DAYÓ ACRA
 
O projeto de extensão universitária “Dayó Compartilhando a Alegria Socioexistencial em Comunalidades Afro-Brasileiras” é apresentado por Narcimária Luz, que trata das perspectivas filosóficas que organizaram e permitiram a equipe de pesquisadores/ as do PRODESE intercambiarem com territorialidades africano--brasileiras no Brasil e exterior. Apresenta os desdobramentos teórico- metodológicos que sustentaram as iniciativas de intercâmbio na Associação Crianças Raízes do Abaeté, em Salvador, na Bahia; e o Grupo Capoeira Abolição Oxford-Inglaterra-África do Sul, sob a responsabilidade do Mestre Luís Negão.

 
Professora Jackeline durante o IIº Festival Afrobrasileiro da ACRA
 
Um dos marcos históricos do PRODESE também é abordado no livro, trata-se do “Sementes Caderno de Pesquisa Mosaico Teórico– Metodológico para a Descolonização da Educação”, de autoria de Jackeline Pinto Amor Divino.

Coleção SEMENTES Caderno de Pesquisa(2000-2005)
A Obra constitui um legado institucional importante para o PRODESE (2000-2005) publicar suas pesquisas e composições teórico-conceituais, permitindo um intercâmbio interessante entre os pesquisadores/as do Programa com outras equipes de pesquisa de Universidades nacionais e internacionais.

Professora Januária Avelina Correia do Patrocínio
Educando através do Repertório Lúdico-Estético dos Provérbios Afrobrasileiros” é a proposição pedagógica das educadoras Januária Avelina Correia do Patrocínio e Narcimária C. P. Luz. As autoras destacam a riqueza do repertório ético e estético dos provérbios, que são linguagens responsáveis por organizar as relações comunais, hierarquias, instituições, noções de tempo e espaço modos e formas de educar. Januária e Narcimária aproximam o público do conhecimento singular que compõem as narrativas de elaboração de mundo características do patrimônio civilizatório africano milenar no Brasil, de modo especial na Bahia.

 
Professor Sérgio Bahialista
 
Cordel Pilando (Re) Elaborações de Valores Comunais e Perspectivas de Educar a Pedagogia da Onça” Sérgio Ricardo Santos da Silva, Bahialista, nos permite compreender a literatura de cordel como canal de linguagem importante para a educação. Sérgio vai investir em reflexões que nos remetem ao mundo simbólico do jogo poético-narrativo da literatura de cordel, e às perspectivas pedagógicas que ela faz acontecer nas escolas e em outros espaços comunitários na territorialidade de Sussuarana, que tem a onça como mito fundador, de onde se desdobram ricas narrativas para a composição da literatura de cordel.

 
Professora Rosângela Accioly
"Agbalá Àbádà: Uma Escuta Radical Para a Educação Infantil Rosângela Accioly Lins Correia apresenta reflexões e conceitos importantes para pensarmos a concepção de criança e Educação Infantil para além dos discursos totalitários europocêntricos. O conceito de alteridade radical e/ou escuta radical do filósofo Emmanuel Lévinas empresta fôlego para a composição do ensaio da autora. Rosângela Accioly destaca o universo socioeducativo do povo munduruku. Apresenta a abordagem da sua mais recente pesquisa no campo da Descolonização e Educação através das efervescências das linguagens lúdico-estéticas africano-brasileiras.
 
Na foto a autora Naiára (a segunda da esquerda para a direita )entre jovens da Steve Biko experiência de Educação que também compõe o capítulo de sua autoria.
 
 Cala A Boca Menino/A! Propondo Linguagens Criativas Através Do Legado Afro-Brasileiro”, contribuição de Naiára dos Santos Bittencourt, convida o leitor/a a pensar a pedagogia do recalque e o racismo, que tende a calar nossas crianças censurando--as quando tentam expressar os vínculos de sociabilidade africano--brasileiros que constituem suas trajetórias comunitárias. Naiára vai apresentar proposições pedagógicas que promovem a superação desse recalque nas escolas.

Roda de capoeira na ACRA 2005
Para concluir, apresentamos Dayó Compondo Linguagens Lúdico-Estéticas para a Descolonização da Educação, contribuição de Narcimária C.P. Luz, que destaca uma das principais bases de inspiração do PRODESE: a Associação Crianças Raízes do Abaeté (Acra) e nela, as composições de linguagens lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano. A Acra foi uma iniciativa institucional criada no bairro de Itapuã, no município de Salvador na Bahia, e referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo cultura” reconhecido pelo Ministério da Cultura. Essa Associação, durante oito anos, proporcionou a crianças e jovens descendentes de africanos e africanas espaços socioeducativos que legitimassem o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
Destaque para a capa do livro,que  apresenta uma ilustração que é um conjunto de sekerê (xequerê), instrumento musical que constitui a orquestra percussiva africano-brasileira, confeccionados por crianças e jovens que vivenciaram as linguagens lúdico-estéticas promovidas pelos/as educadores/ as e pesquisadores/as do Prodese no âmbito do projeto de extensão Dayó, desenvolvido na Associação Crianças Raízes do Abaeté.A confecção dos xequerês pelas crianças e jovens ficou sob a orientação do Professor Sidney Argolo.


DICA:
O livro pode ser adquirido através do site da Editora CRV http://www.editoracrv.com.br/?f=produto_detalhes&pid=3796
Vale a pena conferir!

2 comentários:

  1. Tudo que você posta eu não perco a oportunidade de lê sei que esse livro vai contribui para o meu aprendizado. sou sua fã. Parabéns

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  2. Amei....Mille Caroline, tenho imenso prazer de ser sua aluna, e saiba que aprendi muito com você. Seu caminho está sendo traçado com muitas vitórias.

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