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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


quarta-feira, 14 de maio de 2014

A PROPÓSITO DO 13 DE MAIO DIA DO PRETO VELHO

                                                                                                        Por  Marco Aurélio Luz

O memorável presidente da Federação de Umbanda Tata Ti Inkice Folketu Olorofe, Tancredo da Silva Pinto, nessa data reunia em Inhoaíba em Campo Grande no Rio de Janeiro,centenas de terreiros participavam para a comemoração do Dia do Preto Velho.O Preto Velho representa a entidade dos espíritos ancestrais originários do antigo império do Congo.


Tata Tancredo da Silva Pinto
 Imagem disponível no Google

Reunidos numa grande praça cercada com palha de palmeira, mais de 200 candongueiros soavam seus instrumentos para anunciar a presença do Tata Tancredo que caminhava em direção ao trono sob um pálio comandando um séquito de lideranças religiosas e diante de centenas de iniciados na Umbanda e Omoloko. Após essa cerimônia cada terreiro se dirigia ao seu espaço onde a curimba acontecia noite adentro.
Na praça estava um busto de Mãe Senhora, Iyalorixá do Ilê Axé Opo Afonja lembrando a homenagem acontecida no Maracanã.
 No ensaio “Dos Tumbeiros às Fábricas, Dos Quilombos às Comunalidades Afro-brasileiras[1] apresento o panorama do colonialismo mercantil escravista que entrelaça na Europa de então, o capital financeiro, o comercial e o produtivista, que promovem o tráfico triangular, o processo de escravização na África o transporte e venda de africanos (as) nas Américas, a produção e comercialização de produtos, principalmente de açúcar para a Europa.
 Apesar de o tráfico escravista ser a maior fonte de lucros da Companhia das Índias Ocidentais, ao longo dos anos o comércio triangular apoiado na manufatura naval e bélica engendra a formação do capital primitivo do capitalismo nascente.
Por outro lado a vinda de africanos gerou uma reposição dos valores de civilização dos reinos de origem nas Américas, um contínuo civilizatório que inicialmente constituiu vários quilombos, sendo o principal o de Palmares no Brasil, uma continuidade do reino do Ndongo, Angola da Rainha Ginga, e depois os de S. Domingos, o Haiti, quando os quilombolas do líder Dessalines derrotaram o exército de Napoleão comandado por seu cunhado o general Leclerc e proclamaram a independência, acabando com a colônia, maior fonte de riqueza da França. 
 Inúmeras comunidades de africanos e seus descendentes se formam nas Américas. 
O desdobramento dessa luta, para perder os anéis e salvar os dedos, foi que por iniciativa da Inglaterra, que sofrera com a libertação de parte importante da Jamaica, criou-se uma estratégia capaz de encerrar a vinda de africanos para as Américas e incentivar a vinda de europeus para estabelecer colônias não só de exploração, mas também de exploração e povoamento, o que se convencionou chamar de política de branqueamento. Fim do tráfico escravista e abolição da escravatura são palavras de ordem que regem a nova política do Reino Unido e se estendia aos demais países subordinados como, Portugal.
Independência do Brasil, o fim do tráfico escravista e a abolição da escravatura abriram caminho para a proclamação da República no Brasil, aquela altura já sob a égide do domínio britânico e influências de outras nações europeias não mais de Portugal.
O capital financeiro e comercial se ajustam as fábricas e ao “trabalhador livre”. A política de embranquecimento se constitui em pedra angular das tentativas de dominação, e a ideologia do racismo, com suas variadas nuances, alimenta a Razão de Estado e variados tipos de genocídio vem sendo cometidos, sendo a epopeia de Canudos a que mais representa este panorama nacional. O morro da Favela onde se localizou a cidadela de Antônio Conselheiro se espalha Brasil afora.
Por outro lado o contínuo civilizatório africano brasileiro sustenta a rede de comunidades que abriga os povos primordiais formadores da nação e que constituem sua forte identidade.


Vovó Maria Conga 
Foto Roberto Moura

A gira de Preto Velho no terreiro de D. Maria Batuque no morro encerrava com uma cantiga em homenagem a rainha Vovó Maria Conga:


Rainha Maria Conga
 Foto Roberto Moura

“O sol nasceu lá vai baiana/ O sol nasceu nas onzas do mar/ As onzas do mar batia lá se vai Maria Conga feticêra da Bahia.”    
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[1] LUZ, Marco Aurélio. Dos Tumbeiros às Fábricas, Dos Quilombos às Comunalidades Afro-brasileiras in DESCOLONIZAÇÃO E EDUCAÇÃO. LUZ,Narcimaria(Org.).Curitiba:CRV,2013 P.33-45

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