O
memorável presidente da Federação de Umbanda Tata Ti Inkice Folketu Olorofe, Tancredo
da Silva Pinto, nessa data reunia em Inhoaíba em Campo Grande no Rio de Janeiro,centenas de
terreiros participavam para a comemoração do Dia do Preto Velho.O Preto Velho representa a entidade dos espíritos
ancestrais originários do antigo império do Congo.
Tata Tancredo da Silva Pinto
Imagem disponível no Google
Reunidos
numa grande praça cercada com palha de palmeira, mais de 200 candongueiros
soavam seus instrumentos para anunciar a presença do Tata Tancredo que
caminhava em direção ao trono sob um pálio comandando um séquito de lideranças
religiosas e diante de centenas de iniciados na Umbanda e Omoloko. Após essa
cerimônia cada terreiro se dirigia ao seu espaço onde a curimba acontecia noite
adentro.
Na
praça estava um busto de Mãe Senhora, Iyalorixá do Ilê Axé Opo Afonja lembrando
a homenagem acontecida no Maracanã.
No ensaio “Dos Tumbeiros às Fábricas, Dos
Quilombos às Comunalidades Afro-brasileiras”
apresento o panorama do colonialismo mercantil escravista que entrelaça na
Europa de então, o capital financeiro, o comercial e o produtivista, que promovem
o tráfico triangular, o processo de escravização na África o transporte e venda
de africanos (as) nas Américas, a produção e comercialização de produtos,
principalmente de açúcar para a Europa.
Apesar de o tráfico escravista ser a maior
fonte de lucros da Companhia das Índias Ocidentais, ao longo dos anos o
comércio triangular apoiado na manufatura naval e bélica engendra a formação do
capital primitivo do capitalismo nascente.
Por
outro lado a vinda de africanos gerou uma reposição dos valores de civilização
dos reinos de origem nas Américas, um contínuo civilizatório que inicialmente
constituiu vários quilombos, sendo o principal o de Palmares no Brasil, uma
continuidade do reino do Ndongo, Angola da Rainha Ginga, e depois os de S. Domingos,
o Haiti, quando os quilombolas do líder Dessalines derrotaram o exército de
Napoleão comandado por seu cunhado o general Leclerc e proclamaram a
independência, acabando com a colônia, maior fonte de riqueza da França.
Inúmeras comunidades de africanos e seus
descendentes se formam nas Américas.
O
desdobramento dessa luta, para perder os anéis e salvar os dedos, foi que por
iniciativa da Inglaterra, que sofrera com a libertação de parte importante da
Jamaica, criou-se uma estratégia capaz de encerrar a vinda de africanos para as
Américas e incentivar a vinda de europeus para estabelecer colônias não só de
exploração, mas também de exploração e povoamento, o que se convencionou chamar
de política de branqueamento. Fim do tráfico escravista e abolição da
escravatura são palavras de ordem que regem a nova política do Reino Unido e se
estendia aos demais países subordinados como, Portugal.
Independência
do Brasil, o fim do tráfico escravista e a abolição da escravatura abriram
caminho para a proclamação da República no Brasil, aquela altura já sob a égide
do domínio britânico e influências de outras nações europeias não mais de
Portugal.
O
capital financeiro e comercial se ajustam as fábricas e ao “trabalhador livre”.
A política de embranquecimento se constitui em pedra angular das tentativas de
dominação, e a ideologia do racismo, com suas variadas nuances, alimenta a Razão
de Estado e variados tipos de genocídio vem sendo cometidos, sendo a epopeia de
Canudos a que mais representa este panorama nacional. O morro da Favela onde se
localizou a cidadela de Antônio Conselheiro se espalha Brasil afora.
Por
outro lado o contínuo civilizatório africano brasileiro sustenta a rede de
comunidades que abriga os povos primordiais formadores da nação e que
constituem sua forte identidade.
Vovó Maria Conga
Foto Roberto Moura
A
gira de Preto Velho no terreiro de D. Maria Batuque no morro encerrava com uma
cantiga em homenagem a rainha Vovó Maria Conga:
Rainha Maria Conga
Foto Roberto Moura
“O sol nasceu lá vai baiana/ O sol
nasceu nas onzas do mar/ As onzas do mar batia lá se vai Maria Conga feticêra
da Bahia.”
LUZ,
Marco Aurélio. Dos Tumbeiros às Fábricas, Dos Quilombos às Comunalidades
Afro-brasileiras in DESCOLONIZAÇÃO E EDUCAÇÃO. LUZ,Narcimaria(Org.).Curitiba:CRV,2013 P.33-45
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